Mosteiro da Batalha


O Convento de Santa Maria da Vitória, também conhecido como Mosteiro da Batalha, situa-se na Batalha e foi mandado construir por D. João I como agradecimento da ajuda divina e celebração da vitória na Batalha de Aljubarrota.Em 1388 já ali viviam os primeiros dominicanos.No arranque das obras do Mosteiro da Batalha foi construído um pequeno templo, cujos vestígios eram ainda visíveis no princípio do século XIX.Era nesta edificação - Santa Maria-a-Velha, também conhecida por Igreja Velha – que se celebrava missa, dando apoio aos operários do estaleiro. Tratava-se de uma obra pobre, feita com escassos recursos.Sabe-se que ao projecto inicial corresponde a igreja, o claustro e as dependências monásticas (relativas aos monges), como a Sala do Capítulo, sacristia, refeitório e anexos, limitando-se a um modelo que se assemelhava ao adoptado, em termos de orgânica interna, ao do grande mosteiro alcobacense.A capela do Fundador, capela funerária, foi acrescentada a este projecto inicial pelo próprio rei D. João I, o mesmo acontecendo com a rotunda funerária conhecida por Capelas Imperfeitas, da iniciativa do rei D. Duarte.


O claustro menor e dependências adjacentes, ficaria a dever-se à iniciativa de D. Afonso V.O Mosteiro foi restaurado no século XIX, sob a direcção de Luís Mouzinho de Albuquerque, de acordo com a traça de Thomas Pitt, viajante inglês que estivera em Portugal nos fins do século XVIII, e que dera a conhecer por toda a Europa o mosteiro através das suas gravuras. Neste restauro, o Mosteiro sofreu transformações mais ou menos profundas nomeadamente ocorreu uma limpeza total dos símbolos religiosos, procurando tornar o Mosteiro num símbolo glorioso da Dinastia de Avis e sobretudo da sua primeira geração. Data dessa altura a actual configuração da "Capela do Fundador" tal como a conhecemos hoje.Também por essa altura, vulgarizou-se o termo Mosteiro da Batalha (para celebrar Aljubarrota) em deterimento (a favor) de Santa Maria da Vitória, numa tentativa de acabar definitivamente as designações que relembrassem o passado religioso do edifício.A igreja, que possui 80 m de comprimento 22 m de largura. O templo só difere dos seus semelhantes mais antigos pelo facto de ser completamente abobadado e de muito maior comprimento.Um dos mais importantes edifícios adjacentes ao Mosteiro, e que marca indelevelmente (que não se pode apagar) o seu carácter «real», sendo bem esclarecedor quanto aos intentos envolvidos é, precisamente, a chamada «Capela do Fundador».Panteão de D. Duarte, também conhecido por Capelas Imperfeitas, foi planeado tendo em conta uma leitura rigorosa do testamento de D. João I, optando aquele monarca por criar o seu próprio espaço funerário.A importância do estaleiro da Batalha deu origem a outros estaleiros que reflectem o gótico tardio, quase sempre fruto do recrutamento de oficiais ou mestres secundários que fizeram ali a sua aprendizagem.De facto não restam dúvidas que o Mosteiro da Batalha se passará a assumir como um depoimento de poder real e da autonomia de um reino.Sabe-se como foi necessário impor através do trato legal e diplomático o direito de D. João I ao trono. Sabe-se igualmente da oposição dos meios-irmãos de D. João e de sua sobrinha D. Beatriz aos seus desejos e sabe-se até que ponto as relações com o reino vizinho eram problemáticas. O facto de D. João I mandar construir um panteão (templo para os deuses ou lugar onde o rei ira repousar depois de morto) para si e para a sua família é sinal desta mística dinástica sem precedentes.


O Mosteiro da Batalha foi um projecto de legitimação de uma nova dinastia, a dinastia de Avis: daí a dimensão da obra – sinal de capacidade financeira e de poder de realização.Efectivamente, o Mosteiro da Batalha difere da restante arquitectura portuguesa e destaca-se na paisagem artística nacional com o seu sinal de mudança. A decoração, o remate e o acabamento é o que acaba por distinguir, depois a opção final das empreitadas, já segundo esquemas daquilo a que se convencionou chamar gótico final. Alguns aspectos que distinguem este modo novo do gótico português da primeira dinastia são fáceis de enunciar, uma vez que, globalmente, o tratamento plástico e ornamental do exterior do edifício possui indicações valiosas quanto ao que viria a ser, a partir daqui, a orientação da arquitectura quatrocentista da fase pós-batalhina.

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