A Vila de Golegã

A localidade da Golegã fica situada no Ribatejo, numa região de solo fértil, irrigada pelos dois rios que a limitam, o Rio Tejo e o afluente Rio Almonda. No séc. XII, pelo facto de esta zona ser atravessada pela estrada que ligava Tomar a Santarém, construiu-se aqui uma estalagem, por vontade de uma mulher da Galiza. O local ficou então a ser conhecido por Venda da Galega. O sucesso da empresa e as características agrícolas regionais foram o estímulo para o desenvolvimento comercial e agrícola e para a fixação da população. O lugar brevemente se transformou em Póvoa da Galega e depois em Vila da Galega. Por alteração linguística surgiu a palavra Golegã. Antes de a Golegã ser elevada a vila por D. João III, em 1534, o seu real antecessor, D. Manuel I, também prestou atenção à expansão da localidade. A forte ligação à actividade agrícola incentivou a realização de feiras e mercados, onde agricultores e criadores de gado vinham expor os seus produtos e animais. No mês de Maio costuma realizar-se na Golegã a ExpoÉgua (serve para expor e comercializar éguas), em Julho a apresentação de carros antigos e em Setembro a Feira da Gastronomia e em Novembro a Feira de São Martinho.

Alem destes eventos a Golegã possui outros elementos de interesse tais como: o antigo estúdio de Carlos Relvas, o Museu Martins Correia actualmente inserido no edifício Equuspolis, a Biblioteca Municipal, a Igreja Matriz da Golegã, o Pelourinho da Golegã (situado em frente da igreja, de decoração simples e com o remate em forma de campainha, datado também do séc. XVI. Supõe-se que tenha sido construído quando D. João III elevou a localidade a vila em 1534.), a Capela de são João, a Capela de Santo António, a Capela da Misericórdia (cuja padroeira é a nossa Senhora dos Anjos) e perto da Golegã, pode também se pode visitar a Reserva Natural do Paul do Boquilobo confluência dos rios Tejo e Almonda. Desde os tempos mais antigos muito antes do Séc.XVIII, junto da estalagem já referida, costumavam-se reunir os homens de cavalos. Era nessa estalagem que se procedia à troca de cavalgadura cansada pela viagem de Santarém até ao Norte, por outra cheia de energia e capaz de continuar a viagem. Como se estava numa região privilegiada para a produção de forragens e rações também se procedia ao reabastecimento dos alimentos necessários à continuação da viagem. Juntavam-se então aqui muitos cavalos e com aquele espírito de comparação que surgia começou a criar-se uma espécie de exposição para que cada um apresentar o melhor cavalo que possuía, diz-nos a história, já fidalgos, cavaleiros e homens de cavalos acorriam, em grande número ao velho Largo do Arneiro.

A Feira de São Martinho na Golegã, começou praticamente em meados do Séc.XVIII, segundo os cronistas da época.A Golegã representava já nessa altura um verdadeiro espaço comercial agrícola no distrito de Santarém. A par disto, alguns dos melhores criadores de cavalos situavam-se nos campos da Golegã e, com o apoio dado abertamente pelo Marquês de Pombal puderam, a partir de 1833, dedicar-se mais à sua missão e aproveitaram a Feira de São Martinho para apresentar os seus mais belos e nobres animais.Muitos lavradores, bons cavaleiros e até toureiros aqui compravam todos os anos cavalos.
Com a guerra de 1939/45 e a falta de combustíveis, o cavalo esteve em grande moda e a Feira sofreu uma grande transformação tornando-se um centro de atracção turística. Não houve pessoas que tivessem necessidade de se deslocar que não adquirissem uma viatura ou uma parelha de cavalos, dado que só se podiam servir dos automóveis em dias certos da semana. Para virem à Feira tinham de pedir abrigo aos amigos da região e, assim, a Golegã tornou-se então, num centro de reunião de todo o amador de cavalos. A Golegã passou a ser a “Capital” do aficionado do cavalo e um ponto de reunião de pessoas de todo o mundo. Com a massa de cavaleiros e viaturas que acorriam à Feira, esta sofreu uma evolução e teve que ser dedicada exclusivamente ao cavalo, devido ao tamanho pequeno do “Arneiro da Feira”.A fama da Feira de São Martinho ultrapassou as fronteiras e a festa estendeu-se a todo o Mundo.A Feira de São Martinho, também conhecida por Feira do Cavalo, só em 1972 passou a ser designada oficialmente por Feira Nacional do Cavalo e integrada nela uma semana de manifestações equestres onde se faz a acontecem várias modalidades desportivas e se põem em evidência as diversas variedades de cavalos criados em Portugal.Assim se organizam ralies, raids, jogos equestres, campeonatos, maratonas de carruagens, exibições, concurso de apresentação, exposições, etc., onde toda a classe de cavaleiros e condutores podem participar e onde o público mais variado encontra motivo de distracção.Nunca é demais referir que é a mais importante de todas as feiras que, no seu género, se realizam em Portugal, nela se vendo todos os criadores de cavalos do nosso País e muitos estrangeiros.O dia mais importante desta Feira é o 11 de Novembro (dia de São Martinho), em cujo desfile participam as figuras mais representativas da arte de marialva, amazonas e equipagens. A Feira Nacional do Cavalo/Feira Internacional do Cavalo Lusitano realiza-se, geralmente na primeira quinzena de Novembro.
E, como diz uma frase celebre “Pelo São Martinho prova o teu vinho”, existe sempre nesta feira a particularidade de haver água-pé ou vinho novo, que os visitantes encontram à sua disposição e que podem acompanhar com as saborosas castanhas assadas, quentes e boas...

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