Palácio de Mafra

O Palácio Nacional de Mafra, foi construído durante o reinado de D. João V, em consequência de um voto que o jovem rei fizera se a rainha D. Mariana de Áustria lhe desse descendência. Há também quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei sofria. O nascimento da princesa D. Maria Bárbara determinou o cumprimento da promessa. Este palácio e convento barroco domina a vila de Mafra. O trabalho começou a 17 de Novembro de 1717 com um modesto projecto para abrigar 13 frades franciscanos, mas o dinheiro do Brasil começou a entrar nos cofres, pelo que D. João e o seu arquitecto, Johann Friedrich Ludwig iniciaram planos mais ambiciosos. Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 000 trabalhadores e o projecto final acabou por abrigar 330 frades, um palácio real, umas das mais belas bibliotecas da Europa, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte. O palácio só era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na tapada. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para onde partiu a família real quando das invasões francesas, em 1807. Desconhece-se, no entanto, o destino da maior parte desse património, visto que não constam em qualquer acervo museológico brasileiro. O mosteiro foi abandonado em 1834, após a extinção das ordens religiosas. Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi utilizado como residência de caça e dele saiu também em 5 de Outubro de 1910 o último rei D. Manuel II para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio. No palácio pode-se visitar, a farmácia, com belos potes para medicamentos e alguns instrumentos cirúrgicos, o hospital, com 16 cubículos privados de onde os pacientes podiam ver e ouvir missa na capela adjacente, sem saírem das suas camas. No andar de cima, as luxuosas salas do palácio estendem-se a todo o comprimento da fachada ocidental, com os aposentos do rei numa extremidade e os da rainha na outra, a 232 m de distância. Ao centro, a imponente fachada é valorizada pelas torres da basílica coberta com uma cúpula. O interior é forrado a mármore e equipado com seis orgãos do princípio do século XIX, com um repertório (compilação de várias obras musicais) exclusivo que não pode ser tocado em mais nenhum local do mundo. O átrio da basílica é decorado por belas esculturas da Escola de Mafra, criada por D. José I em 1754, foram muitos os artistas portugueses e estrangeiros que aí estudaram sob a orientação do escultor italiano Alessandro Giusti. A sala de caça exibe troféus de caça e cabeças de javalis. O Palácio possui ainda dois carrilhões (conjunto de sinos com que se tocam peças de música), mandados fabricar em Antuérpia por D. João V, com um total de 92 sinos que pesam mais de 200 mil quilos e são considerados dos maiores e melhores do mundo.


Contudo o maior tesouro de Mafra é a biblioteca, com chão em mármore, estantes rococó (estilo ornamental da época de Luís XV (França), tipificado pela assimetria, caracterizado pelo uso exagerado de floreados e motivos naturalistas - conchas, palmas, etc., e que sucede ao Barroco) e uma colecção de mais de 40 000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro, incluindo uma primeira edição de Os Lusíadas de Luís de Camões. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910. Actualmente, o único residente do Palácio é um antigo funcionário da Real Basílica de Mafra, de nome Gil Mangens. Descendente de uma família de origem francesa, que chegou a Lisboa no século XVIII, por alturas da construção do Palácio, na pessoa de um gravador de nome Mangens, devotou, à imagem de seu pai e avô, toda a sua vida ao monumento que o acolhe.

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