A Vida de Manuel dos Santos


Manuel dos Santos nasceu em Lisboa a 11 de Fevereiro de 1925. De origem humilde foi criado desde pequeno pelo seu avô, o toureiro Manuel dos Santos “Passarito”, que o criou na Golegã.Como na sua juventude o avô havia sido toureiro acabou por incutir ao neto a “aficion” à tauromaquia.Com apenas 13 anos participou pela primeira vez numa vacada. A sua prestação chamou a atenção do mestre Patrício Cecílio. Pouco tempo depois Manuel dos Santos passou a frequentar as aulas do mestre que acabou por ser um grande amigo ao longo da vida ao mesmo tempo que trabalhar numa barbearia na vila de Golegã, terra que o acolheu e que ele tomou como sua.Tomou a alternativa de bandarilheiro a 26 de Julho de 1944 em Lisboa mas sem nunca abandonar os estudos na Escola Comercial de Tomar.
Em 1946 deixa-se levar pela paixão e parte para Sevilha em busca do sonho de se tornar matador de toiros. A busca pelo sonho é bem sucedida e a 26 de Junho de 1947, Manuel dos Santos apresenta-se pela primeira vez em Espanha como novilheiro na praça de Badajoz. Nesse dia corta três orelhas e um rabo aos toiros que lhe são apresentados e sai levado em ombros por uma multidão rendida. Durante essa temporada actuou com êxito em Portugal e Espanha, destacando-se cinco tardes seguidas em Barcelona com duas saídas em ombros.
A 14 de Dezembro de 1947, recebeu a alternativa como matador de toiros, na Praça "El Toreo", na cidade do México, das mãos do famoso Fermín Espinosa, mais conhecido por "Armillita“, tendo como testemunha Carlos Arruza, com toiros de Pastejé. Nessa tarde, o toiro da alternativa, de nome “Vanidoso” deu-lhe uma gravíssima cornada na perna, com perfuração da veia femural. Este incidente levou-o a renunciar a essa alternativa.
A 15 de Agosto de 1948, na Real Maestranza de Sevilha, voltou a tomar a alternativa tendo dessa vez como padrinho Manuel Jimenez "Chicuelo" confirmando-a em Madrid a 9 de Julho de 1949.
Entre 1948 e 1953 toureou em Portugal, Espanha, México, França, Colômbia, Venezuela, Equador, Moçambique e Angola. Em 1950 actuou em 93 corridas de toiros, colocando-se no 1.º lugar na lista de matadores com mais touradas em todo o mundo.
Este elevado número de corridas trouxe-lhe a consagração e colocou-o ao lado de portugueses tão famosos como Amália e Eusébio. No México ganhou a “Rosa Guadalupana”, e troféus para o melhor quite, melhor faena de muleta, tarde mais completa e triunfador da temporada.Em 1951 matou um toiro na praça do Campo Pequeno, tornando-se assim o primeiro matador de toiros português. Como consequência desta morte Manuel dos Santos passou essa noite na prisão, mas acabou por ser absolvido no julgamento que se seguiu. Neste mesmo ano actuou num só dia em três corridas, uma em Morélia, outra na Cidade do México e por fim em Acapulco. Algumas cornadas violentas e duas operações aos meniscos levaram à sua retirada das arenas em 18 de Outubro de 1953, numa memorável corrida, realizada na praça do Campo Pequeno, em Lisboa. A 25 de Fevereiro de 1954 contraiu matrimónio com Glória Elena Díez. A sua “aficion” levou-o a regressar às arenas em 1960, tendo voltado a tourear nas principais praças de toiros do mundo até 1963 (ano em que realizou a ultima corrida como profissional em Portugal).
Em 1966 vestiu de novo o traje de luzes para uma digressão com corridas em Macau (numa praça de bambu) e em Djakarta, Indonésia, aqui num estádio de futebol e com uma assistência de 100.000 espectadores (tendo sido este o maior número de espectadores numa corrida de toiros).Até 1972 actuou em diversos festivais de beneficência, tendo sido o último a 23 de Setembro de 1972.No entanto continuou a sua vida ligado à tauromaquia como empresário da Sociedade Campo Pequeno, explorando diversas praças para além da de Lisboa. Criou ainda a ganadaria de “Porto Alto”, no distrito de Santarém.
Foi condecorado por Espanha como “Cavaleiro da Ordem de Isabel, a Católica” e em Portugal, a título póstumo, foi distinguido com o grau de Comendador da Ordem de Benemerência e com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas.Manuel dos Santos acabou por morrer tragicamente num acidente de viação, em 18 de Fevereiro de 1973, quando se deslocava para a sua Quinta de Guadalupe, na Golegã, após uma visita à sua ganadaria.


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